terça-feira, 30 de janeiro de 2007

FESTINHA DE CRIANÇA?




Alerta para os que terão paciência para ler minhas vastas emoções e pensamentos imperfeitos:
Primeiro, este “texto relato” or whatever the hell it is, é para lembrar que existem pessoas honestas que trabalham para o bem da sociedade e não se comparam MESMO ao quatro débeis mentais que me deixaram na mira de QUATRO revólveres ontem.
Segundo, saiba que sou Robesbiana. Relembro, para quem não lembra ou ensino para quem não sabe: Acredito que o indivíduo é, e pode ser sempre, mudado e influenciado pela sociedade em que vive.
Parabéns a estas pessoas que cruzam o meu caminho e me ensinam de uma forma ou de outra respeitar suas profissões e seus pontos de vistas e por me lembrarem que fazer jornalismo é do car….

Vamos ao texto:

Depois da quinta hora de festa, qualquer festa infantil, imaginem, fica chata. As crianças já estão lutando contra a exaustão, suadas, com a boca, a mão e todo o resto da roupa que sobrou sujas. Por este motivo, eu só chego bem depois. Na hora que os adultos já estão passados, os bebês chorões já se foram e só os VIPS permancem bebendo whisky cawboy.

Um psicóloga, duas assitentes sociais, dois estudantes de direito, um policial civil. Civil. Que fique bem claro. “Policial militar é mão auxiliar do exército”. E, claro, eu.

- “Me arrependo de ter matado por matar. Bem no início da carreira era imaturo. Na adrenalina, o cara avançou em mim e eu não pensava duas vezes”, declara nosso civil.

- “Alguns polciais não sabem lidar com a vontade de matar. Vira um vício. Ele não se conforma que o cara que trafica paga coisas pros filhos dele, e ele, ali, trabalhando no pesado não consegue nem pagar escola pro filho dele direito”.

Durante um julgamento, ao ser questionado pelo juíz de onde estariam suas testemunhas o réu se levanta e aponta o dedo para o policial civil de nossa história, dizendo:
- “Esse aí ameaçou todas as pessoas que eu conheço. Nimguém pode me ajudar de tanto medo”.
“Por muito menos já mandei neguinho pro inferno. Nem lembro da cara desse cidadão que tava me processando”, afirma nosso policial civil.

Agora, ocupando o posto de delegado em alguma cidade do interior, diverte-se em dia de visita íntima às sextas-feiras.
- “Peço pras meninas pegarem leve na revista. Não adianta mesmo, essas mulheres colocam celular desse tamanho ó – ele demonstra com um brinquedo do filho, um telefone de brinquedo - cheio de droga dentro da boceta. Ai daquele que olha pra mulher do outro. Quando elas passam, todos abaixam a cabeça em sinal de respeito”. Entre as mulheres costumam visitar “seus homens”, há sempre um homem. O cara é viadinho, vai fazer o quê?. Zoam com a cara dele. O cara escuta de tudo, mas ele gosta ué”.

A vida no cárcere é outro universo.
- “Se colocarem eles pra conversarem aqui na mesma mesa que estamos e se eles não quiserem que a gente entenda patavina, eles falam em outro dialeto. Um dialeto criado por eles dentro da prisão. Uma outra língua. Como a pichação nas ruas, muitas vezes indecifráveis para nós”.

Papo vem, papo vai e acreditem, ali acontecia uma “festinha”.

O filho mais velho brinca com uma arminha de água. Já cheios da brincadeira, que de vez em quando dá uma esguichada nos convidados, a avó psicóloga pede a filha que a peça ao marido que tire a arma da mão do filho.
- “ÔÔÔÔ muuuuulequi…”, interpela o pai CIVIL.
Agora a sogra pede:
- “Ai com jeitinho né?”.
Levando na brincadeira o civil fala em um tom meio gay:
- “Ai filhinho, por gentileza, traga a arminha aqui pro papai, traga?”.
Todos caem na gargalhada.
- “Porra, se eu pedir com jeitinho, ele vai achar que NEM é o pai dele que tá pedindo”.

A sogra pede de novo e o pai, agora brabo, pede em um tom mais viril:
- “É, me dá isso aqui, tá atirando água por todo lado muuuuulequi. Se quer atirar, pelo menos atira direito, porra…É assim ó. Vô ensinar”.

Todos caem na gargalhada de novo. Talvez esta seja uma maneira dele estravasar o perigo e a realidade vividos em seu dia-a-dia.

Há alguns anos, nosso polcial civil participou, bravamente, do fim de um dos mais longos sequestros do estado.
- “Você não sabem o que é um filho da puta ligando vinte e quatro horas pra polícia dizendo: “Vocês não vão me pegar, não. Vocês são uns trouxas mesmo”. Fui o segundo a entrar na casa. (Na verdade a vizinhaça toda sabe que ele foi o primeiro). Tinha até esquecido que do pedido do capitão. Meu colega falou enquanto estávamos lá dentro ainda:
- “Não vai pegar o olho?”
- “Que olho porra?”
- “O olho do cara, meu. Esqueceu que o capitão pediu?”
- “Tá loco. Eu não vou enfiar minha mão aí não, maluco”.
Mas seu colega enfiou. Hoje “o OlhO” está em exposição na delegacia pra quem quiser urubuservar.

A assitente social ao seu lado diz estar contente por não portar arma.
- “Acho que se eu tivesse uma arma na mão, faria justiça com as próprias mãos”.

Ela tem a voz mansa. Fala bem baixinho, mas notamos que assim como alguns de nós brasileiros, ela se indigna com a falta de justiça e com a desigualdade social. Ela e a esposa do nosso civil trabalham como assistentes sociais e estão acostumadas a encontrar as famílias desmazeladas pela violência. E aqui, estamos falando de todo o tipo de violência: pai que a filha e crau, marido que aponta arma pra esposa, iiiiiiii, a lista é bacana. Não vale a pena. Elas tem acesso livre na favela, atualmente. Os moradores sabem quem elas são e de onde elas vêm. Umas delas declara:
- “Chegaram a investigar a minha vida. Quem era meu pai, minha mãe, se eu tinha ou não irmãos e quem eles eram”.

Saber quem elas são e ter acesso livre, não as livra dos tiroteios e pipocos rotineiros. Lá, é cada um por si.

Este era o medo do marido policial civil, o personagem principal de nossa história de hoje. Absolutamente, os moradores da favela sabem que uma de suas assitentes sociais é mulher de um civil, mas por algum motivo, deixam para lá.
A sogra fica estarrecida com a última notícia do genro.
- “A Firanzinha morreu”.
Franzinha deixou duas filhas. Uma com a vó e outra sabe Deus com quem.
- “Quase que a guarda de uma delas fica contigo”, diz o civil.

Ele e sua esposa, assistente social tinham acolhido uma das meninas em sua própria casa tempos atrás na esperança de fazê-la melhorar de vida.

- “Franzinha é da vida e a vida a levou”.

Franzinha é uma das muitas que as assitentes tentam colocar alguma coisa na cabeça. Foi encontrada boiando em um rio na Espanha onde há algum tempo foi tentar, acredito, uma vida melhor, ou quem sabe, se ela não entendeu patavinas do que as assitentes disseram, “bagulhos” melhores para sua vida.

O caso Richtophen ainda estava em questão imaginem só a discussão entre as assistentes sociais, uma psicológa, um policial civil, um estudante de direito e eon, aspirante a jornalista.
Descubro que qualquer um, qualquer ser, qualquer pessoa entre nós pode ser um sociopata como Suzane Richtophen ou seus coleguinhas de crime, os irmãos Cravinhos. A sogra explica sobre a doença que acredita ela deveria ter nesses casos a pena máxima.
- “Pena de morte, minha filha. Não conseguimos ajustar uma pessoa dessas de volta a nossa sociedade”.
Pode ser sim qualquer um mesmo.
- “Somente com consultas e acompanhamentos conseguimos diagnosticar este tipo de doença mental. Você pode sim estar estudando, trabalhando, fazendo academia com um sociopata do seu lado e nunca saber disso”.

Um dos irmãos Cravinhos, diz uma amiga minha, era “super gente boa” no colégio. Seus amigos que estudavam em São Paulo no mesmo colégio: “O cara era sangue bom”.
Bom, este foi um relato de uma festinha de criança. Imaginem vocês, festinha de criança. Imagina só a festinha de adulto. Me meto em cada uma viu?


P.S.: nomes e descrições mais específicas foram mudadas neste relato para garantir a segurança de minhas fontes. Quem quiser saber do resto, é vai chupar o dedo mermo.

2 comentários:

Luiz Fedeger | Marreta na Bigorna disse...

Oia eu di novo....heheh
Afff mulher..eu te dar um toque ?
Só se for pra te ensinar a falar merda...ahahha, acho q não dá.
Pois isso aqui ta cada dia melhor...
Um bjo pra vc e continua q o blog tá ótimo! To adorando seu blog e seus posts!

Meu Pitaco: festinha de criança é otimo! vou mesmo pela comida!!!! amo aqueles docinhos, salgadinhos e cia...haiuhaiua

Ps: vc podia dormir sem essa né....kkk

LARISSA BELKIS disse...

Valeu Marwaiza....
que bom que c tá curtindo
saudades de vc mulé

pinta aqui sempre viu, e pode favor, opine mesmo