quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

UM PSIQUIATRA E ALGUNS ASPIRANTES A JORNALISTAS



“Já havia pego a última ficha, mas decido atender mais um paciente às 5 da manhã para ajudar meu outro colega que também estava dando plantão naquela noite. Só me arrependeria quatro horas depois. Um caso super complexo”.

- Doutor, preciso de ajuda. Eu e meus amigos temos prazer em matar. Escolhemos pessoas nas ruas de Curitiba. Mendigos, abandonados, sem-teto. Pessoas. Levamos os escolhidos em lugares distantes e ban-ban. Matamos.
O psiquiatra da nossa história é jovem, elegante e como mesmo descreveu um amigo nosso que fazia parte de nosso jantar pré feriado de páscoa: “Não simpatizo com homossexuais, mas gostei dele por que ele fala bonito. Só não lhe dei um beijo na boca por que estava com a minha namorada”.
Estudantes de jornalismo quando encontram especialistas em algum assunto, não dá outra. A reunião vira palestra e quando menos percebe o convidado está sendo bombardeado de perguntas, dúvidas e no caso de um psiquiatra, angústias alheias.
Laurinha o interroga sobre um de seus maiores dramas na sua vida atualmente, seu irmão viciado em craque. “Há quanto tempo?”. Somente os 99,9% de sua existência na terra. Adotivo, a irmã acredita que se não conseguir o ajudar, seu fim poderá ser triste. Ele já conseguiu dar fim de duas casas. Já fumou quse tudo de sua vida. Só falta a namorada que já nem tem mais forças para procurá-lo na madrugada fria de Curitiba. Na última vez, sumiu por duas semanas. Noventa e nove mil clínicas. Noventa e nove mil tentativas. “Por favor, só mais uma vez, o último trago, então me enterno”. Este é apenas um dos dramas levantados daquela noite.
Não esquecemos nem mesmo do seriado LOST. “Amigos imaginários realmente existem?”. Para ele, existem e são absolutamente reais para a pessoa que sofre desta alucinação. O amigo imaginário tem uma personalidade própria, tem características particulares como qualquer outra pessoa. “Marcas físicas, porém, só podem ser da própria pessoa se agredindo”, alerta nosso psiquiatra. Os fãs de LOST que acompanham a série pela internet, sabem o quanto Hurley, o personagem com problema de obesidade sofre com o seu amigo imaginário em meia dúzia dos episódios da série. Ele o instiga a comer cada vez mais natchos e mais natchos. Até que um dia seu psiquiatra, (nossa!!! mais um na nossa história), decide mostrar a Hurley que seu amigo não existe. Tira uma foto dos dois para o mural do hospício. Hurley abraça nada mais que o ar.
Síndrome do pânico, Bicho de sete cabeças, depressões, amigos, maridos, amigos dos maridos, amigos dos amigos são contados e recontados em nossa terapia pré páscoa. “Gente, se eu estiver sendo chato, me avisem”, adverte o psiquiatra para os empolgadíssimos aspirantes a jornalistas que a este momento levantam a mão, para não perder a vez da próxima pergunta.
Uma discussão portanto intimida o grupo. Marilda versus o psiquiatra. Ele explica a importância de tratamentos a base de choques. Não os utilzia mas afirma existirem e serem comprovados cientificamente. Marilda, aquela que todos sabem que é psicopata mas nimguém tem coragem de falar pra ela, briga com o doutor. Indigna-se.
- Essa coisa de ficar levando choque é pré-histórica.
Ela não consegue nem mesmo ouvir as explicações do doutor. A sala se divide em dois grupos. Um tentando alcalmar a psicopata e talvez se perguntando o porquê de termos convidado a tal reunião. O outro grupo tenta escutar o doutor que a paranóica não deixa.
- grgrgrgr deixa o homem fala meu!!!

Às duas da manhã, duas garrafas de vinho depois, o psiquiatra mais querido da nação brasileira foi levado de nós. Mas não pensem vocês que foi por falta de assunto. Deve ter sido cansaço, coitado……Nunca mais o vi. Hoje, só lembro de sua simpatia. Coitado deve pensar: “Estudantes de jornalismo, nunca mis”. Kkkkkkkkk

Problema é problema. Meu, seu, nosso, maior ou menor ele não deixará de ser um problema. Todos nós temos. Mas problemas com tanta diversão, nunca mais verei na vida.
Abraços aos meu amigos que participaram deste encontro!!!! Amo vocês.